Trump trouxe a marreta para demolir o sistema (1)
Donald Trump usa o termo "deep state" para descrever uma suposta rede de burocratas e funcionários permanentes do governo, que, ao menos na teoria, trabalham para minar sua agenda governamental e influenciar sorrateiramente a política dos EUA. Este conceito, popularizado durante sua presidência, sugere que existem elementos dentro do governo, que operam independentemente das administrações eleitas, exercendo seu poder e influência, sem qualquer responsabilização democrática
MUNDO
Donald Trump usa o termo "deep state" para descrever uma suposta rede de burocratas e funcionários permanentes do governo, que, ao menos na teoria, trabalham para minar sua agenda governamental e influenciar sorrateiramente a política dos EUA. Este conceito, popularizado durante sua presidência, sugere que existem elementos dentro do governo, que operam independentemente das administrações eleitas, exercendo seu poder e influência, sem qualquer responsabilização democrática.
Trump e seus apoiadores acreditam, que o “deep state” buscará manter o status quo e resistir às mudanças propostas por seu governo, especialmente àquelas que desafiam o establishment político e as práticas governamentais tradicionais. As alegações incluem sabotagem interna por parte de algumas agências federais, vazamentos de informações confidenciais para a imprensa, resistência às ordens executivas emitidas pela Casa Branca e espionagem de cidadãos americanos.
As críticas mais ferozes ao conceito de “deep state”, que no Brasil se convencionou chamar de “sistema”, argumentam que ele é uma teoria conspiratória, utilizada para deslegitimar a oposição política e justificar a remoção de funcionários públicos experientes, que podem discordar das políticas da administração. Críticos apontam que a acusação de um “deep state” serve para enfraquecer as instituições democráticas, semeando desconfiança em relação ao governo burocrático, que, na verdade, é essencial para a continuidade e estabilidade das políticas públicas.
Entre as medidas propostas por Trump, frequentemente mencionadas durante seus comícios e discursos, está em restaurar um Ato Executivo do seu governo anterior, que dava direito ao Presidente, de demitir funcionários públicos federais, que não se alinham com sua visão de governo. Segundo Trump, isso permitiria maior controle sobre a burocracia e ajudaria a implementar suas políticas de forma mais eficaz, sem sabotagens internas. Além disso, Trump já expressou interesse em reestruturar ou mesmo eliminar certas agências ou divisões governamentais, que ele considera desnecessárias ou hostis a seus planos, além de dar autonomia a todos os órgãos regulatórios.
Durante sua presidência anterior (2016/20), Trump se deparou com investigações e resistência em várias frentes, que iam desde uma suposta interferência russa, até críticas em torno de suas políticas fiscais e de imigração. Seus esforços para expor e combater o “deep state”, incluíam uma retórica de confrontação em relação a agências de segurança, como o FBI e a CIA, que, segundo ele, foram parte de campanhas para minar sua liderança.
Por outro lado, seguidores de Trump veem a luta contra o “deep state” como uma batalha necessária, para restaurar o poder ao povo americano, afastando-o das elites de Washington. Para eles, Trump representa uma figura que desafia o sistema político estabelecido, participando de uma guerra contra interesses entrincheirados, que não refletem o desejo do eleitorado.
Em última análise, o debate sobre o “deep state” continua a ser polarizante. Para alguns, seria uma desculpa conveniente, para justificar falhas administrativas e desconsiderar críticas legítimas. Para outros, é uma explicação plausível para a resistência enfrentada por um Presidente considerado outsider no cenário político. Essa discussão está no centro de um conflito mais amplo sobre a confiança nas instituições e o papel da burocracia na democracia americana.
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