Putin diz que Europa vai entrar na mira, se aceitar mísseis americanos
Vladimir Putin, presidente russo, afirmou que a Europa pode entrar definitivamente na mira da Rússia, caso aceite a instalação de mísseis americanos em solo europeu e, principalmente, os vendam para a Ucrânia.
MUNDO


A escalada de tensões entre a Rússia e as potências ocidentais atingiu um novo patamar nesta semana, após declarações contundentes de Dimitri Peskov, porta-voz da presidência russa. Segundo Peskov, a Europa se coloca em risco ao concordar com a instalação de sistemas de mísseis de longo alcance americanos no continente, especificamente na Alemanha. Esta movimentação é vista por Moscou como uma ameaça diretamente apontada, não apenas rumo à Rússia, mas aos países hospedeiros dessas instalações militares.
"Os Estados Unidos continuam a lucrar enquanto a Europa se coloca como alvo de nossos mísseis. De igual forma, o território russo também se vê sob a mira dos mísseis americanos estacionados na Europa", disse Peskov, via estação de rádio RBC, destacando um ciclo de provocação e retaliação reminiscente dos tempos álgidos da Guerra Fria.
Esta questão surge em meio a anúncios, por parte da Casa Branca, de que novos mísseis, incluindo os tipos SM-6, Tomahawk e até mesmo armas hipersônicas, serão posicionados na Alemanha a partir de 2026. E esses sistemas possuem uma capacidade de alcance significativamente ampliada em relação aos arsenais anteriormente instalados em território europeu.
Em resposta, o chanceler alemão, Olaf Scholz, defendeu veementemente a decisão, argumentando que a medida se alinha às estratégias de dissuasão e é essencial para a preservação da paz na região. Esses comentários, todavia, apenas intensificaram as críticas por parte do Kremlin, que condenou a transação como uma reanimação desafortunada dos tempos da Guerra Fria.
A preocupação russa transcende a simples instalação de meios militares avançados em sua proximidade. Dimitri Peskov foi enfático ao expressar que todas as capitais dos países envolvidos na instalação destes mísseis se tornam, potencialmente, alvos em caso de conflito. Esta declaração sugere um aumento significativo do risco de escalada militar na região.
Ademais, a escolha da Alemanha como local para essas instalações reacende memórias dos mecanismos de confronto indireto que caracterizaram as décadas de tensão entre o Ocidente e a União Soviética. Peskov enfatizou ainda que a participação direta de nações como Alemanha, Estados Unidos, França e Reino Unido no conflito em torno da Ucrânia apenas serve para exacerbá-la. "Todos os atributos da Guerra Fria estão a regressar, com um confronto direto", acusou o porta-voz.
Essa situação coloca não apenas os países diretamente envolvidos sob uma luz preocupante, mas também ressalta o risco crescente de uma nova divisão geopolítica global, numa altura em que as relações entre Rússia e Ocidente parecem retroceder às decadas passadas de desconfianças mútuas e estratégias de equilíbrio ameaçador.