Não basta ser honesto, tem que parecer honesto!

Ministros do STF, não podem se dar ao luxo de parecerem honestos. Efetivamente eles têm que ser, assim como a mulher de César. Contudo, a falta de transparência, pertinência e conveniência das constantes viagens de ministros do STF ao exterior, pôe em cheque essa conduta.

BRASIL

Manoel Oliveira

5/9/20242 min ler

Dias Toffoli, um dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), expressou em Madri nesta segunda-feira (6), que considera as críticas e reportagens sobre as frequentes viagens dos magistrados do tribunal à Europa para comparecerem a eventos jurídicos, como absolutamente inadequadas, erradas e desprovidas de justiça, pois o tribunal proferiu mais de 15 mil decisões no último ano, segundo ele.

Essa declaração teria sido feita antes de uma palestra, proferida no programa de alta formação em "Segurança Jurídica e Tributação" na Espanha, organizado pela Escola Superior de Advocacia Nacional (ESA). Trata-se de uma clara tentativa de enfatizar a produtividade, para justificar tais viagens ao exterior, apesar da crescente preocupação de inúmeras instituições republicanas, com a falta de transparência e de pertinência desses compromissos.

Luís Roberto Barroso, Kassio Nunes Marques e Gilmar Mendes, também ministros do STF, participaram do mesmo evento na Universidade Complutense de Madri. Existe uma aparente discrepância, nas sessões judiciais virtuais, conduzidas à distância pelos ministros do STF, muito criticada pela OAB, pois sequer permitem a adequada sustentação oral pelos advogados.

Gilmar Mendes salientou, que os custos normalmente são cobertos pelos organizadores dos eventos, defendendo a participação como parte do “trabalho contínuo do tribunal”. No entanto, essa questionável prática, levanta suspeitas sobre a influência externa e a independência judicial nas decisões, especialmente quando as informações sobre o financiamento dessas viagens, permanecem obscurecidas.

A falta de transparência sobre o custeio e a agenda completa dessas viagens, gera críticas e aumenta a pressão sobre os ministros do STF. A discussão torna-se ainda mais crítica considerando a relevância do STF no cenário jurídico e político brasileiro e a necessidade de seus membros manterem as decisões colegiadas, em sessões públicas, como demanda a nossa Constituição Federal. O “trabalho contínuo” mencionado por Gilmar Mendes, deve ser feito no Brasil, pois é o povo brasileiro quem paga seus polpudos vencimentos, bem como banca suas refeições generosas, cujo menu vai de camarões VG e Lagostas, até o filet mignon regados por vinhos finos. É para o povo, que os ministros do STF, têm que mostrar trabalho “contínuo” e isentos de qualquer aparência de influência ou benefício indevidos.

Como diz o vetusto brocardo romano: "Non satis est mulierem Caesarem probam videri, sed esse oportet”, ou seja, em bom português, “Não basta à mulher de César parecer honesta, ela tem que ser”.