Na história de indenizar a escravidão, Portugal não está sozinho

"Os afro-brasileiros são vítimas, mas houve colonos brasileiros, proprietários, fazendeiros e comerciantes brasileiros, que participaram do tráfico transatlântico de escravizados, já desde antes da independência", diz o historiador brasileiro Luiz Felipe de Alencastro, em entrevista à BBC News Brasil.

BRASIL

Manoel Oliveira

4/28/20241 min ler

O historiador brasileiro Luiz Felipe de Alencastro, defende a inclusão de Angola e outros países africanos, como Moçambique e Benin, no debate sobre reparação histórica pela escravidão e pelos crimes cometidos durante o período colonial.

Alencastro argumenta que o Brasil deve assumir a responsabilidade, uma vez que foi coparticipante ao lado de Portugal, da pilhagem dos povos africanos, incluindo massacres a indígenas e a escravidão de milhões de africanos.

O presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, reconheceu a culpa de Portugal pela escravidão e afirmou que o país deve arcar com os custos dos crimes cometidos no passado, embora não tenha especificado como essa reparação histórica seria feita.

Para Alencastro, é fundamental incluir países africanos no debate sobre reparações, uma vez que eles foram os que mais sofreram com a pilhagem humana feita pelos portugueses e brasileiros.

O historiador destaca que Luanda, capital de Angola, foi o maior porto de embarque de escravizados de toda a África e o Rio de Janeiro foi o maior porto de desembarque, tornando esses países vítimas diretas da escravidão.