CPI das gêmeas luso-brasileiras está sendo esvaziada lentamente
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) aberta a requerimento do CHEGA!, está sendo paulatinamente esvaziada, pela inexperiência de quem achava que iria conseguir um depoimento consistente contra alguma autoridade, nomeadamente, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa.
PORTUGAL
André Ventura quis mostrar ao país, que seu partido, o CHEGA!, luta contra a corrupção, as "cunhas" e compadrios, que, segundo ele, estavam enraizadas no governo socialista de António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa. Contudo, apenas conseguiu demonstrar sua inexperiência para lidar com tais questões, sobretudo, quando personalidades políticas estão envolvidas.
Tenta a todo custo, implicar Marcelo Rebelo de Sousa e seu filho Nuno Rebelo de Sousa, por terem supostamente interferido para agilizar a atribuição de nacionalidade e o tratamento de duas gêmeas nascidas no Brasil, mas filhas de mãe com dupla nacionalidade (brasileira/portuguesa), que sofrem de uma doença crônica e degenerativa grave, com um dos medicamentos mais caros do mundo, o Zolgensma, ao custo total de 4 milhões de euros.
O que Ventura conseguirá sob a escusa de estar defendendo os direitos dos portugueses?
Ventura alega, que os cidadãos portugueses não têm acesso fácil ao medicamento (apesar de 33 portugueses já terem sido tratados), pois têm que passar por uma longa série de burocracias estatais, até conseguirem autorização para o tratamento e que as gêmeas teriam sido beneficiadas por uma suposta "cunha" ("pistolão").
Louvável a conduta do parlamentar do CHEGA!. Contudo, como sabem os mais experientes em política, é muito difícil, para não dizer, impossível, obter provas concretas da alegada "cunha" e que esta teria partido do presidente da república e primeiro-ministro, envolvendo ainda secretários de governo e médicos.
Por outro lado, já ciente das dificuldades encontradas, André Ventura usa e abusa de um tom policialesco e pirotécnico para inquirir os envolvidos, mostrando-se absolutamente insensível com o caso de duas crianças gravemente doentes, que estão sendo utilizadas como alavanca política.
Esse caso ainda não alcançou a mídia brasileira e internacional, o que é bom para a imagem de Portugal, que está sendo arranhada por uma absurda insensibilidade ao reclamar do tratamento de uma doença grave e incapacitante em duas crianças que, apesar de nascidas fora de Portugal, tinham a nacionalidade portuguesa quanto foram tratadas. Se o tratamento foi "apressado" por intervenção do governo, que sejam indiciados os culpados e não a mãe, que faria qualquer coisa para garantir a saúde de suas filhas.
Se o tratamento é caro, a doença é rara. Se o Estado português não tem condições de arcar com o custo do tratamento, pois é um dos mais pobres da Europa, faça como centenas de países (incluindo o Brasil) e recuse o tratamento. Tratar e depois armar um circo midiático, não é bom para o Deputado André Ventura e nem para Portugal, que já enfrenta muitas acusações de ser xenófobo e racista e poderá brevemente observar uma queda no turismo, que é o carro-chefe da economia portuguesa.
Quando e se isso ocorrer, o prejuízo será incalculável, tornando "troco", o gasto com o tratamento de duas meninas doentes.